A língua é viva! Brasil ganha mais de mil novas palavras
setembro de 2021
A Academia Brasileira de Letras (ABL) acaba de lançar seu novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). A obra registra o acréscimo de mais de mil novos vocábulos ao português que falamos e escrevemos, levando o número de palavras no Volp a 382 mil.
Segundo a ABL, muitos acréscimos estão relacionados aos
novos termos originados do desenvolvimento científico e tecnológico, às
palavras surgidas no contexto da pandemia do novo coronavírus, ao registro mais
abrangente de nomes de povos indígenas, língua e família linguística, assim
como termos técnicos das diversas áreas do conhecimento e novos vocábulos de
uso comum, muito divulgados na mídia impressa e em textos acadêmicos, sempre de
acordo com os critérios de formação de palavras da língua-padrão.
A ABL acrescentou
palavras como "feminicídio", "sororidade",
"negacionismo", além de "crossfit", "pós-verdade"
e outras relacionadas à pandemia de Covid-19, como "home office",
"lockdown" e o próprio nome da doença, grafado com letra minúscula
("covid-19") pela Academia.
Veja, abaixo, alguns
exemplos e seus significados, segundo a ABL:
• home office: no Brasil, significa
trabalhar de casa, mas, no inglês, a expressão equivalente seria "work
from home". Literalmente, em inglês, "home office" significa
"escritório de casa". (A ABL não traz uma definição para o termo).
• infodemia: volume excessivo de informações, muitas delas
imprecisas ou falsas (desinformação), sobre determinado assunto (como a
pandemia, por exemplo), que se multiplicam e se propagam de forma rápida e
incontrolável, o que dificulta o acesso a orientações e fontes confiáveis,
causando confusão, desorientação e inúmeros prejuízos à vida das pessoas.
• feminicídio: delito de homicídio
praticado contra mulher decorrente de violência doméstica ou familiar e/ou por
motivo de menosprezo ou discriminação de gênero.
• necropolítica: uso do poder político e
social, especialmente por parte do Estado, de forma a determinar, por meio de
ações ou omissões (gerando condições de risco para alguns grupos ou setores da
sociedade, em contextos de desigualdade, em zonas de exclusão e violência, em
condições de vida precárias, por exemplo), quem pode permanecer vivo ou deve
morrer. O termo foi cunhado pelo filósofo, teórico político e historiador
camaronês Achille Mbembe, em 2003.
• pós-verdade: Informação ou asserção que
distorce deliberadamente a verdade, ou algo real, caracterizada pelo forte
apelo à emoção, e que, tomando como base crenças difundidas em detrimento de
fatos apurados, tende a ser aceita como verdadeira, influenciando a opinião
pública e comportamentos sociais. Também pode ser um contexto em que asserções,
informações ou notícias verossímeis, caracterizadas pelo forte apelo à emoção e
baseadas em crenças pessoais, ganham destaque, sobretudo social e político,
como se fossem fatos comprovados ou a verdade objetiva.
• sororidade: sentimento de irmandade,
empatia, solidariedade e união entre as mulheres, por compartilharem uma
identidade de gênero; conduta ou atitude que reflete este sentimento,
especialmente em oposição a todas as formas de exclusão, opressão e violência
contra as mulheres.
É
possível consultar as novas palavras e suas grafias on-line.