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Acesse trabalhos de congressos e simpósios no nosso catálogo!

novembro de 2024
Foto: José Carlos Basilio: arquivo pessoal

Painéis apresentados em diversas edições do Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos da Abraman (Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos) e do 19º Simpósio Internacional de Confiabilidade - SIC, já estão disponíveis para consultas no nosso catálogo. São trabalhos e documentos relacionados aos temas, como normativas técnicas, manuais, estudos de caso, guias de boas práticas e publicações científicas, estratégias de manutenção, confiabilidade de equipamentos, gestão de ativos, inovação tecnológica e sustentabilidade no setor de saneamento.  

E para falar sobre a importância da atualização constante por parte dos profissinais sobre as disciplinas, o engenheiro eletricista José Carlos Basílio, do Departamento de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual – EII (Superintendência de Engenharia e Inovação – EI da Sabesp) que, ao longo dos anos, tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento e divulgação de boas práticas no campo de Gestão de Ativos e Engenharia de Confiabilidade, por meio de sua participação ativa em congressos e simpósios nacionais e internacionais, concedeu esta entrevista à Biblioteca Sabesp. Confira abaixo!

José Carlos Basilio: A Engenharia de Confiabilidade é um tema fascinante. Convido a todos a consultar a Biblioteca Sabesp!” 

José Carlos Basilio é formado pela Escola Politécnica da USP e possui mestrado em Administração de Empresas pela PUC-SP. Tem MBA em Excelência Gerencial pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo-Fundap. Cursa atualmente MBA em Data Science e Inteligência Artificial pela Faculdade de Informática e Administração Paulista-FIAP. Na Sabesp, atua no Departamento de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual – EII (Superintendência de Engenharia e Inovação – EI da Sabesp), tendo integrado, anteriormente, as Superintendência de Manutenção Estratégica e Engenharia e Gestão de Ativos.

Nesta entrevista, Basisilo destaca as principais tendências e inovações que vêm moldando o setor de saneamento e como os conceitos da Engenharia de Confiabilidade podem ser aplicadas em diversos contextos, inclusive na nossa Biblioteca.

“A Engenharia de Confiabilidade é um tema fascinante. Convido a todos a consultar a Biblioteca Sabesp e pesquisar a palavra 'Confiabilidade'. Arquivamos os trabalhos apresentados em diversos congressos da Abramam e do SIC - Simpósio Internacional de Confiabilidade. É uma informação muito rica!”, destaca o profissional sobre os conteúdos disponíveis no catálogo da Biblioteca.

Biblioteca Sabesp: O que é Engenharia de Confiabilidade, quais os seus princípios e objetivos?
José Carlos Basílio: Engenharia de Confiabilidade é o ramo da engenharia voltada para implementação de práticas que garantem que sistemas, produtos e componentes funcionem de maneira consistente e sem falhas ao longo de um período de tempo especificado. Ela envolve a análise, avaliação e melhoria da confiabilidade de um sistema desde a sua concepção até o final de sua vida útil, visando minimizar a probabilidade de falhas e aumentar a durabilidade e previsibilidade do desempenho.


Biblioteca Sabesp: Qual é o papel da Engenharia de Confiabilidade para setor de saneamento, para entendermos como essa disciplina impacta a operação e manutenção das infraestruturas e recursos hídricos?

José Carlos Basílio: Garantir a operação eficiente, segura e sustentável das infraestruturas e dos sistemas de recursos hídricos. Esse campo se concentra na prevenção de falhas, na maximização da vida útil dos ativos e na redução dos custos de manutenção.

Biblioteca Sabesp:  E de que forma a Engenharia de Confiabilidade pode contribuir para a redução de falhas em sistemas de tratamento de água e esgoto?
José Carlos Basílio: A união entre dados confiáveis de intervenções nos ativos, preventiva ou corretivamente, um arcabouço matemático-estatístico específico e análise do porquê das falhas, permite a predição de futuras prováveis falhas, ações para intervenção nas causas raiz de defeitos, identificação de elementos mais expostos a falhas (bad actors) em sistemas e o momento ideal de substituição de ativos e muitos outros insigths. Esses resultados aumentam a disponibilidade dos sistemas de esgotos, melhoram a eficiência energética, reduzem custo de operação etc.

Biblioteca Sabesp: Quais são os principais desafios enfrentados ao aplicar a Engenharia de Confiabilidade em projetos de saneamento?
José Carlos Basílio: Os principais desafios, ou talvez as principais oportunidades, são trabalhar em parceria com a Operação - Manutenção e Informática - Automação para gerar e utilizar dados confiáveis relativos ao comportamento dos ativos, fazer a disseminação dos conceitos da Engenharia de Confiabilidade e com isso beneficiar a companhia dos ganhos na aplicação da disciplina.

Biblioteca Sabesp:  De que maneira a aplicação de métodos de confiabilidade pode melhorar o uso de recursos hídricos em uma cidade?
José Carlos Basílio: O maior conhecimento das forças e fraquezas do parque de ativos, inclusos aí os Equipamentos Eletromecânicos e Estruturas Civis, garante a utilização dos recursos hídricos de maneira harmônica. A possibilidade de antecipar ações mitigadoras de falhas em equipamentos/ estruturas e sistemas reduzem o risco de uso desbalanceado dos provavelmente escassos recursos hídricos.

Biblioteca Sabesp: Como a Engenharia de Confiabilidade pode ajudar a prevenir perdas de água e melhorar a eficiência das redes de distribuição?
José Carlos Basílio: Quebras geram inevitavelmente perdas de água, além de outros problemas. Reduzindo-se as quebras e aumentando-se a disponibilidade dos sistemas, há otimização do uso da água com efeitos benéficos para a companhia, sociedade e meio ambiente.

Biblioteca Sabesp:  Há exemplos práticos de como a Engenharia de Confiabilidade já melhorou sistemas de saneamento e hídrico em algum projeto ou região específica?
José Carlos Basílio: Há diversos exemplos:

  • Custo evitado de R$264.000 de redução de perdas no faturamento da Sabesp através do estudo de Confiabilidade da rede elétrica na região de Franca em 2014-2015*.
  • Ganho de Confiabilidade de 30% após identificação de ‘bad actors’ em estudo nas estações EEE Pinheiros e EEE Final da ETE Barueri*.
  • ‘Saving’ de R$70 milhões pela AES Brasil após estudo de Confiabilidade para dar suporte a cláusulas contratuais**.
  • Redução de 42% na taxa de falhas para o sistema de aeronaves da FAB**.
  • Redução de 30% dos custos de manutenção em caminhões fora de estrada da Vale por alteração na política de manutenção obtida através de estudo de Confiabilidade**.
  •  * Estudos de confiabilidade efetuados pela Sabesp. (** ‘Cases’ apresentados no 19º SIC – Simpósio Internacional de Confiabilidade – 2024 – RJ)

Biblioteca Sabesp: Como a Engenharia de Confiabilidade pode ser integrada às práticas de manutenção preditiva e preventiva em sistemas de saneamento?José Carlos Basílio: A principal contribuição que a Engenharia de Confiabilidade pode prestar à manutenção é a disseminação de seu uso na manutenção. Isso inclui o conhecimento sobre a comprovação matemática de seus fundamentos e comprovação prática através do emprego de seus conceitos ao longo de décadas

1) A Estatística é uma ciência.

2) As falhas em Equipamentos e Estruturas seguem padrões. O mais conhecido é a 'curva da banheira' que indica que 

2.1) há uma quantidade de falhas em ritmo decrescente no início de funcionamento de um ativo; 

2.2) segue-se um período de taxa da falhas constante ao longo da vida do ativo; 

2.3) e por fim há um período de falhas crescentes no fim de vida de um ativo.

3) A aplicação da Estatística aos padrões observados permite 'prever o futuro' e tomar ações mitigadoras.

Oras, se a Engenharia de Confiabilidade contribuiu para o envio do homem à lua, outros desafios devem ser superáveis também (rs).

As contribuições mais comuns são:

-Manutenção Preventiva: Uso do RCM (Reliability Centered Maintenance) para geração de Planos de Manutenção otimizados.

-Manutenção Preditiva: Uso de curvas de distribuição de probabilidades como Weibull, Exponencial e Lognormal para análise de comportamento de ativos, simulação via RBD - Reliability Block Diagram - de sistemas para identificar pontos de fragilidade, LDA - Life Data Analysis - como base para estudos mais aprofundados, uso de FMEA/ FMECA - Failure Modes and Effect (and Criticaly) Analysis - para estudo da origem e consequências das falhas etc.

A reflexão final que devemos fazer é 

3.1) Temos Planos de Manutenção otimizados com auxílio de RCM?

3.2) Temos dados confiáveis de manutenções para fazer análises?

3.3) Atuamos na manutenção dos Ativos de acordo com sua confiabilidade apurada através de dados?

3.4) Sentimos que estamos 'na frente' dos problemas ou estamos 'correndo pra resolver' os danos causados por problemas 'inesperados'?

Todo esse conhecimento se traduz em dinheiro ($$) para a companhia na forma de Custos Evitados, segurança para a sociedade na prestação do serviço contratado e relevância e exposição para os funcionários envolvidos. Todos ganham!

Biblioteca Sabesp: Como a Engenharia de Confiabilidade pode ser aplicada no setor bibliotecário para melhoraria a organização de acervos e catálogos, atualizar processos e garantir maior eficiência e precisão no gerenciamento de coleções; e quais outras soluções que podem ser inspiradas pela Engenharia de Confiabilidade nesse contexto?
José Carlos Basílio: Excelente e instigante pergunta! Pode-se aplicar o FMEA/ FMECA para entender e prevenir ocorrências de falhas. Melhor que isso: o estudo do 'sistema' da biblioteca pode elencar os 'Modos de Falha Potenciais' da biblioteca - integridade dos livros físicos, danificação por manuseio inadequado (ex.: rasgos, páginas soltas), degradação por fatores ambientais (ex.: umidade, mofo), perda ou extravio de livros devido a falhas no controle de empréstimos, Organização inadequada nas prateleiras, dificultando o acesso ao acervo, Consequências: Redução da vida útil dos materiais físicos e dificuldades para os usuários encontrarem os livros, área de leitura e espaço Físico, serviços de fornecimento de água e café, transmissões de eventos, falha no sistema de gerenciamento de usuários, falha na experiência do usuário, falha no sistema de catalogação/organização etc. Uma vez elencados os modos de falha devem-se proceder à análise dos itens e estabelecer medidas mitigadoras (evitar que aconteça) e medidas de recuperação (recuperar rápido, caso aconteça). O prosseguimento dessa análise seria o registro preciso e contínuo de falhas 'do sistema', entendido aqui como todas as rotinas que envolvem o funcionamento e uso da biblioteca. A partir do registro é possível efetuar uma análise e ... o céu é o limite. 

Biblioteca Sabesp: Gostaria de acrescentar algo que julga ser necessário?
José Carlos Basílio: A Engenharia de Confiabilidade é um tema fascinante. Convido todos a consultar a biblioteca Sabesp e pesquisar a palavra 'Confiabilidade'. Arquivamos os trabalhos apresentados em diversos congressos da ABRAMAM e do SIC - Simpósio Internacional de Confiabilidade. É uma informação muito rica!!

Contato: José Carlos Basilio
jcbasilio@sabesp.com.br
Engenheiro Eletricista
Dep. de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual – EII
Superintendência de Engenharia e Inovação – EI  

Referências

31º Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos, organizado pela ABRAMAN, ocorreu de 25 a 30 de outubro de 2020. Ele foi realizado em formato virtual, devido à pandemia, e se destacou por debates sobre os desafios da manutenção no contexto da transformação digital e da Indústria 4.0. Além de palestras com especialistas, o evento incluiu apresentações de cases de sucesso de empresas nacionais e internacionais, evidenciando como a gestão de ativos e a confiabilidade impactam a eficiência operacional (Fonte: revistamanutencao.com; ibp.org).

.O 38º Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos foi realizado em outubro de 2023. Ele trouxe à tona inovações em tecnologias de manutenção, como o uso de inteligência artificial e análise preditiva, melhora a confiabilidade e a otimização da gestão de ativos. Também foram abordados temas como sustentabilidade e a relação entre manutenção e segurança do trabalho​ (Fonte: https://abramanoficial.org.br/publicacoes/noticias/pprograma-2023pamech.org).

19º Simpósio Internacional de Confiabilidade foca na aplicação de práticas e conceitos de confiabilidade industrial. Ele ocorre paralelamente aos eventos de manutenção, reforçando a importância de métodos avançados para reduzir falhas e melhorar a produtividade em diferentes setores. Este evento internacional atrai especialistas globais para compartilhar as mais recentes pesquisas e práticas sobre o tema.​ (Fonte: https://simposiodeconfiabilidade.com.br/revistamanutencao.com).