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BibliON 2024: que tal refletir sobre solidariedade e empatia?

janeiro de 2024
Foto: Equipe SP Leituras

O Dia da Confraternização Universal e da Paz, primeiro dia do ano, é uma oportunidade para relembrar a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU para alcançar a verdadeira paz entre todos os povos. A Biblioteca abre 2024 com dicas de leitura da BibliON sobre temas que tem tudo a ver com isso: segurança alimentar, água e meio ambiente. Afinal, para além das simpatias e tradições que reforçam ainda mais os significados em torno da festa de ano novo - comer lentilha, pular ondas, vestir branco – o  início de um novo ciclo é sempre um bom momento para refletir sobre as práticas de solidariedade e empatia. 

Fome zero

A fome zero e a agricultura sustentável são pontuadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU - mais especificamente o ODS 2, que trata diretamente de segurança alimentar para todos. A mensagem é clara: a agropecuária sustentável e inovadora é um caminho para zerar a fome nos próximos anos. De acordo com dados divulgados pela ONG Ação da Cidadania, que constam no 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (2022), há 33 milhões de famintos no país. E mais: a fome tem gênero, cor e CEP: apenas 4 entre 10 famílias brasileiras tem acesso pleno à alimentação plena, convivendo com a chamada insegurança alimentar. Em meio a toda reflexão que a entrada de um novo ano pode provocar, ficam algumas perguntas: estamos, de fato, praticando a solidariedade e exercendo a empatia? 

Para Ricardo Abramovay, professor da Cátedra Josué de Castro – dedicada à produção de conhecimento sobre sistemas alimentares -, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP,  é preciso pensar não apenas nos fins, mas também nos meios a serem atingidos. “Para superar a fome é preciso mudar o sistema instalado. E essa mudança tem como vetor fundamental a diversidade e a luta pela diversificação tanto da agropecuária como da alimentação”, reflete o professor Abramovay. Quem quiser se aprofundar no trabalho realizado pelo especialista, vale a pena conferir as entrevistas concedidas por ele para o Jornal da USP e para a série "Alteridade", uma conversa de Abromovay com a psicanalista Maria Homem, no canal do Youtube. 

Confira abaixo alguns títulos selecionados pela Biblioteca disponíveis na BibliON, que discutem a temática. E se você ainda não se cadastrou, aproveite!  Para utilizar este serviço gratuito, basta acessar o site da BibliON ou baixar o aplicativo disponível no Google Play  e na  Apple Store. Em seguida, é só clicar em CADASTRAR-SE, preencher os campos de acordo com o solicitado e acompanhar sua conta pelo e-mail cadastrado. Mas atenção: o cadastro na BibliON deverá ser realizado com o e-mail corporativo da Sabesp. No caso de dúvidas ou problemas com seu acesso, é só enviar uma mensagem diretamente para: contato@biblion.org.br.

 

Geografia da Fome, de Josué de Castro

Quando a obra foi publicada pela primeira vez, em 1946, o país passava pelo processo de redemocratização e tentava enfrentar suas fraturas mais evidentes. Decorridos mais de setenta anos, é doloroso notar como elas se aprofundaram. O autor denuncia a fome coletiva como um fenômeno social presente em todos os continentes, com foco no Brasil. E defende que ela é decorrente dos sistemas econômicos e sociais, não de condições climáticas.

 Água, sustentabilidade e direitos fundamentais, de Luiz Carlos Diógenes de Oliveira

 

A era ecológica se apresenta, para o ser humano, com um ultimato, inelutável, de mudança radical na forma de conceber e perceber a rede ecossistêmica de vida planetária. Só assim, nela, conhecendo o seu lugar, o ser humano poderá participar, com consciência, desta festa divina, na condição de sujeito autônomo, responsável, reflexivo da práxis em sua ativa cidadania ecológica. Os direitos fundamentais, se serviram apropriadamente ao ser humano durante sua longeva era antropocêntrica, hoje, aplicam-se à teia da vida, Gaia, em sua inteireza, preservando a dignidade da vida em coesão socioambiental, em equilíbrio dinâmico. Só uma crítica alfabetização ecológica poderá alterar um cenário de tragédia ambiental que já se vislumbra no horizonte, cada vez mais perto, já visto a olho nu, tanto pelas ciências como pelo senso comum. A racionalidade ecológica, possível ao ser humano, poderá despertá-lo para uma nova realidade de ética e cidadania ecológicas planetárias.

Uma verdade indigesta, de Marion Nestle


Falar de alimentação é falar de cultura, meio ambiente, relações de poder, sustentabilidade, afeto, prazer, tradição e muito mais, além do aspecto mais óbvio do impacto do que comemos na nossa saúde. Neste livro, a autora apresenta elementos fundamentais sobre alimentação, que desfazem a aparente confusão sobre o tema. Ao trazer essa discussão para o Brasil, certamente temos um debate mais rico para separarmos o joio do trigo. Na atual conjuntura de concentração de poder entre os atores que controlam os sistemas alimentares da produção ao consumo, o que comemos e o que sabemos ou acreditamos saber sobre o ato de comer é fortemente determinado pelas relações de poder na sociedade. A pressão pela maximização do lucro a qualquer preço tem uma série de efeitos colaterais com sérios impactos na nossa saúde, seja do ponto de vista do efeito no nosso organismo, seja nos impactos ambientais. Criar produtos comestíveis com ingredientes baratos, cheios de aditivos, aromatizantes, estabilizantes, espessantes, corantes, com pitadas de nutrientes para que possam ser vendidos como saudáveis, é uma das especialidades da indústria de alimentos ultraprocessados.