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BibliON celebra o Mês da Consciência Negra. Confira as dicas!

novembro de 2023
Foto: BibliON

Já ouviu falar em “Escrevivência”? O termo cunhado pela escritora, ficcionista e ensaísta afro-brasileira Conceição Evaristo, traz a junção das palavras "escrever e vivência" e surge entre “escrever” e “viver”, ou seja, uma forma de “escrever vivências” Foi com base nesta proposta – ou a escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo –, ela compõe romances, contos e poemas que revelam a condição do afrodescendente no Brasil.

Para marcar as comemorações do Mês da Consciência Negra, a Biblioteca Sabesp e a BibliON fazem um convite à reflexão e também à leitura, colocando no radar a “Escrevivência” de Conceição Evaristo, uma das principais personalidades brasileiras do início deste século.

A expressão nasce entre os anos de 1994 a 1995 tornando-se objeto de pesquisa de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento – como um “conceito” ampliado ou “metodologia de escrita” -, ganhando cada vez mais visibilidade nos meios de comunicação. De acordo com pesquisadores, no âmbito da literatura, a "Escrevivência" tem o objetivo de refletir sobre papel atribuído às mulheres negras no curso na escravidão no Brasil, bem como subverter o sistema que dificulta e invisibiliza produções literárias de mulheres pertencentes às classes populares.

Escreviver e escritavência

Diferente de muitos livros apresentados tradicionalmente, as obras que utilizam a "Escritavência" não sexualizam a mulher negra, não apresentam o homem negro como agressivo e nem generalizam suas existências. As principais características da "escritavência" na literatura são o trabalho com a linguagem que se aproxima da oralidade para dialogar com o leitor; o uso de palavras cotidianas; o tempo, em que passado e presente se entrelaçam, e a narrativa que fala das experiências do indivíduo ao mesmo tempo em que se confunde com as vivências do coletivo.

Conceição Evaristo


Ganhadora do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2015, Conceição Evaristo é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira atual. Autora, entre outras obras, de Becos da Memória, Olhos D’Água, Insubmissas Lágrimas de Mulheres e o romance Ponciá Vicêncio. Faz parte do Conselho Editorial organizado pela Companhia das Letras para coordenar o relançamento da obra de outra importante escritora brasileira: Carolina de Jesus. Embora escreva desde a juventude, Conceição só começou a publicar seus textos aos 44 anos – em 1990, nos Cadernos Negros, série de antologias editada pelo coletivo Quilombhoje. Ela é referência no que diz respeito à arte como poderosa ferramenta na luta contra o racismo e o machismo que se encontram na base da sociedade – e da literatura – brasileira.

Quer se aprofundar no tema?

Confira abaixo algumas dicas de vídeo e podcast para conhecer melhor a escritora e o “escreviver” e aproveite para explorar as obras disponíveis nos acervos da BibliON e Biblioteca Sabesp (físico). E ainda: mais dicas de leitura que celebram o Mês da Consciência Negra.

Vídeo: Programa Roda Viva – TV Cultura 

Conceição Evaristo explica o conceito de “escrevivência” e relação com mitos afro-brasileiros.

Podcast Mano a Mano – Conceição Evaristo 

Neste episódio o Mano a Mano recebeu uma das escritoras mais relevantes da literatura brasileira contemporânea. Conceição Evaristo e Mano Brown trocam uma ideia sobre o movimento negro, autoras negras no Brasil e o cotidiano que inspira a "escrivivência".  

Na BibliON, você pode encontrar obras de Conceição Evaristo, como Becos da memória e Olhos D’águaNo acervo físico da Biblioteca Sabesp támbém estão disponíveis Olhos D’água Matriarcas: mulheres de raça e de cor (na visão de um autor branco que faz referência a vida e obra de Conceição) 


Mês da Consciência Negra

BIbliON

Um país chamado Brasil, de Marco Antonio Villa


O livro é um guia para entender o Brasil. O autor apresenta um amplo painel da nossa história, oferecendo uma visão da nossa formação política, econômica e cultural em sua totalidade. Um livro essencial para quem quer entender o presente e pensar o futuro tendo como base como se construiu esse país chamado Brasil.

Antologia de poesia afro-brasileira: 150 anos deconsciência negra no Brasil, de Zilá Bernd


A obra resgata a memória social do negro no Brasil por meio das manifestações poéticas publicadas a partir de 1859. A seleção de poemas se pautou pela sua representatividade em termos de valorização da memória coletiva, da afirmação identitária e de seu valor estético, destacando o crescimento da poesia afro-brasileira no feminino.

Cinema negro brasileiro, de Noel dos Santos Carvalho (org.)


Sobre a publicação, Carlos Diegues, cineasta e membro da Academia Brasileira de Letras comenta: “Um livro sobre o cinema negro no Brasil de hoje é como se fosse um presente para quem acompanha a história do cinema brasileiro. Embora a mistura cultural do povo deste país tenha como influência poderosa a fonte afro-brasileira, só na primeira metade dos anos 1960, com Ganga Zumba, foi feito o primeiro filme a partir do respeito e da consideração a essa influência étnica. Esperamos que o futuro coloque a cultura afro no centro do desenvolvimento de nosso cinema nacional.” Já o cineasta cineasta,De, destaca: “Estudantes, pesquisadores e leitores interessados terão aqui um guia para se orientar na compreensão dos cinemas negros. E um ponto de partida para avançar na realização de um cinema alinhado com a nossa população e cultura. (Jeferson De, cineasta, em trecho extraído da Apresentação)

 

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Fonte: Toda Matéria/Literário Afeto