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BibliON: livros e telas

outubro de 2024
Foto: BibliON

Obras literárias de diversos gêneros e estilos podem ganhar vida nas telas, com novas interpretações de seus enredos originais. Para quem gosta de ler e de assistir filmes, essas adaptações oferecem a oportunidade de explorar diferentes visões e formas de contar uma história.

Livros que deram origem a filmes têm sido uma prática comum no cinema, e muitas das produções mais famosas e bem-sucedidas começaram como obras literárias. Por outro lado, a lealdade das adaptações de livros para as telas é um tema que gera debates há décadas. Quando um livro é adaptado para cinema ou televisão, muitos fãs esperam que a obra seja fiel ao texto original, preservando personagens, enredos e diálogos. No entanto, há uma tensão entre essa expectativa e a necessidade de adequar a história para outro meio com diferentes demandas narrativas e estéticas.

No cinema, por exemplo, o tempo é limitado, o que força os roteiristas a condensarem eventos, eliminarem subtramas ou até alterarem o enredo para manter o ritmo e a clareza. Além disso, o que funciona na página nem sempre é eficaz visualmente. Certos monólogos internos ou descrições detalhadas de ambientes e sentimentos podem ser difíceis de traduzir para a tela, e os cineastas precisam encontrar maneiras visuais de transmitir essas nuances.

Outro ponto relevante é a visão criativa do diretor ou roteirista. Muitos consideram a adaptação não como uma cópia exata do livro, mas como uma nova interpretação da história, refletindo sua própria leitura da obra. Isso pode resultar em mudanças de tom, de temas ou até de finais, que nem sempre agradam os fãs mais puristas, mas oferecem uma nova perspectiva sobre o material original.

Por fim, a lealdade a um livro não deve ser avaliada apenas pela fidelidade literal, mas pela capacidade da adaptação de capturar a essência da obra. Se a alma do livro — seus temas, sentimentos e impacto — for mantida, mesmo que haja alterações estruturais, a adaptação pode ser considerada leal. No entanto, se as mudanças comprometerem a mensagem central, ela pode ser vista como uma traição à fonte.

A Literatura nas telas no Brasil e no mundo

Adaptações literárias brasileiras para o cinema mostram a riqueza cultural e a diversidade de temas presentes na nossa literatura. Vários clássicos da literatura nacionais foram adaptados para o cinema. A lista inclui desde Vidas Secas, de Graciliano Ramos, O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Capitães da Areia, de Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Jorge Amado, O Guarani, de José de Alencar, Macunaíma, de Mário de Andrade, O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, Cidade de Deus, de Paulo Lins e tantos outros.

Há também exemplos marcantes da literatura internacional que ocuparam as telas do cinema. Você vai se lembrar: a trilogia épica O Senhor dos Anéis (J.R.R. Tolkien) e os sete livros da série Harry Potter (J.K. Rowling), que conquistaram milhões de leitores ao redor do mundo e foram transformados em uma série de oito filmes, O Poderoso Chefão (Mario Puzo), romance de Mario Puzo sobre uma família de mafiosos italianos foi transformado em uma das trilogias mais reverenciadas do cinema. E ainda, o Clube da Luta (Chuck Palahniuk), que se tornou um clássico cult  e O Iluminado (Stephen King), dirigido por Stanley Kubrick que se tornou um dos filmes de terror mais icônicos de todos os tempos. E por aí vai... 

Pensando no tema, a equipe da Biblioteca selecionou alguns títulos disponíveis na plataforma digital gratuita de São Paulo. 

E se você ainda não conhece a BibliON, aproveite! Para utilizar este serviço gratuito, basta acessar o site da plataforma e se cadastrar com o e-mail corporativo da Sabesp. No caso de dúvidas ou problemas com seu acesso, é só enviar uma mensagem diretamente para: contato@biblion.org.br. 

Boa leitura!

A colina escarlate, de Nancy Holder 


Livro que deu origem ao filme com Tom Hiddlestone e Jessica Chastain. Edith Cushing, uma jovem da era vitoriana, alimenta o sonho de escrever um livro. Ainda que, segundo ela mesma, seja uma misantropa irritadiça, não é diferente das jovens de sua época. Porém, há algo tenebroso em seu passado. Aos 10 anos, Edith sofreu dois grandes traumas: o falecimento de sua mãe e, três semanas depois, o encontro com um fantasma — a Sr. Cushing, sua própria mãe. Ainda hoje, Edith se lembra daquela noite: o tique-taque do relógio, o ranger das tábuas do assoalho, o farfalhar do robe de seda com o qual a mãe fora enterrada, o estalido dos ossos sob a pele que já definhava, a mão decomposta em seu ombro... e um recado enigmático. Sem medir esforços para realizar seu sonho, ela acaba conhecendo Sir Thomas Sharpe, um homem misterioso, dono de terras na Inglaterra e de uma mente criativa como a dela. Isso logo desperta o interesse da jovem, que busca mais informações sobre ele e sobre Allerdale Hall, a propriedade ancestral da família Sharpe. No entanto, o que Edith não encontra em suas pesquisas são os segredos terríveis guardados pelo nobre inglês, que irão assombrá-la para sempre.


47 Ronins, de John Allyn


A incrível lenda que inspirou a megaprodução cinematográfica com Keanu Reeves. Em 1701, no Japão medieval, um heroico grupo de guerreiros samurais parte em uma jornada a fim de vingar a morte de seu mestre, ainda que para isso seja necessário desafiar ordens do poderoso xógum. A incrível saga destes 47 homens, rebaixados à condição de ronins (samurais sem mestre), se tornará uma das mais belas e famosas lendas da história japonesa. Em um complexo jogo de lealdade e honra, o código samurai é levado a seu limite, mostrando que existem missões maiores que a própria vida.


A garota no trem, Paula Hawkins 


Best-seller internacional que deu origem ao filme estrelado por Emily Blunt. Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio por galpões, caixas d'água, pontes, casebres e aconchegantes casas vitorianas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes - a quem chama de Jess e Jason -, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess - na verdade Megan - está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, a obra é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.