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Já ouviu falar em 'remição de pena' pela prática de leitura?

fevereiro de 2023
Foto: reprodução: imagem site Funap

A leitura como prática de transformação social aplicada no sistema prisional brasileiro consiste em proporcionar a pessoa privada de liberdade, quitar parte de sua pena por meio da leitura mensal de uma obra literária, clássica, científica, filosófica ou outras.

De acordo com Fundação de Amparo ao Preso (Funap), que desenvolve o Programa de Incentivo à Leitura “Lendo a Liberdade”, iniciativas de incentivo à leitura nas unidades prisionais são processos inovadores, voltados a estimular o hábito da leitura e o aperfeiçoamento da língua escrita em pessoas privadas de liberdade, buscando o aprimoramento da formação pessoal, cultural e profissional desenvolvida junto às entidades da sociedade civil, envolvendo as instituições de ensino superior e as editoras.

Atividades como clubes de leitura, bibliotecas prisionais e itinerantes, caixas de poemas e outras, funcionam com base na Lei de remição de pena pela leitura, aprovada em 2013 - que prevê que cada livro lido mensalmente pelo detento pode diminuir sua pena em quatro dias. O preso tem a possibilidade de ler 12 livros por ano e conseguir até 48 dias de remição da pena. Para isso, ele precisa ler a obra e apresentar uma resenha que será avaliada e encaminhada ao juiz regional para que seja concedida a diminuição da pena (Leia Resolução CNJ).

Neste contexto, um dos desafios para toda a sociedade, é a criação de grupos de voluntários para acompanhar os detentos, de forma que as resenhas escritas por eles sejam lidas e encaminhadas aos juízes de execução penal para a validação da remição da pena.

Um bom exemplo deste tipo de iniciativa é  o “Programa Remição em Rede”, conduzido por voluntárias Grupo Mulheres do Brasil, em que os personagens principais são os detentos que escrevem resenhas. “São pessoas privadas de liberdade, que certamente não tiveram o direito humano à leitura garantido e que agora têm os livros como pontes, como uma possibilidade de esperança”, explica Janine Durand, líder do Comitê de Cultura, articuladora e voluntária do Programa Remição em Rede.

Por outro lado, escritores brasileiros que possuem obras lidas por reeducandos do sistema penitenciário paulista – Lucrecia Zappi (Acre, finalista do prêmio Jabuti 2018), Luiz Ruffato (De Mim Já Nem se Lembra) e Caco Ciocler (Zeide) são unânimes em ressaltar a importância da leitura para presidiários - uma vez que a escrita mais afinada, o ganho de repertório na linguagem e a melhor compreensão do mundo são alguns dos benefícios garantidos pelo hábito da leitura, mas, para pessoas privadas de liberdade, estes valores se tornam ainda mais relevantes. (Confira aqui a matéria com os autores na íntegra).

Legislação

Em 26 de novembro de 2013, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Recomendação de nº44, onde propõe aos Tribunais que promovam e instituam nos estabelecimentos prisionais projetos e incentivos à remição por leitura, o que já havia sido adotado pelo Estado de São Paulo em 2013. Hoje, o instituto da remição da leitura é amplamente difundida em vários estados brasileiros.  

a Revista Consultor Jurídico destaca que dos 748 mil presos no Brasil, pelo menos 327 mil não completaram os nove anos do ensino fundamental e 20 mil são considerados analfabetos. A direção de 64% dos estabelecimentos informou haver internos em atividade educacional, mas apenas 123 mil pessoas presas estão matriculadas a alguma dessas atividades. Desse total, 23.879 participam de algum programa de remição pela leitura e 15 mil estão envolvidos em remição por esporte (281) ou outras atividades culturais, de acordo com levantamento de 2019 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com base em informações prestadas pela direção das unidades prisionais do Brasil.

Se você interessou pelo assunto, leia também:

Saiba como funciona a remição de pena 

Orientação Técnica dmf/cnj nº 1 de 04 de julho de 2022 sobre remição de pena pelas práticas sociais educativas 

Funap inicia clubes de leitura no presídio militar Romão Gomes

 #TBT: Projeto de remição de pena por leitura vira política pública 


Fonte: Agência CNJ de Notícias

Fonte: Assessoria de Comunicação e Relações InstitucionaisFundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” – Funap