Live discute os impactos da falta de saneamento básico na vida das mulheres
abril de 2023
Para além de quase 100 milhões de brasileiros sem acesso a coleta de esgoto e os 35 milhões de habitantes sem acesso a água, a falta de saneamento básico na vida da mulher resulta em impactos negativos que reforçam ainda mais a desigualdade de gênero no país.
O relatório revela que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto pode tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Além disso, com a melhoria dos serviços básicos as mulheres poderiam ter sua renda ampliada em 1/3. Um aumento da renda das brasileiras alcançaria R$ 13,5 bilhões por ano e cerca de metade desses ganhos ocorreriam no Norte e Nordeste do país, regiões do país com os maiores déficits de saneamento.
Para debater o tema e promover reflexões sobre as possíveis soluções para o problema, a Biblioteca recebeu a CEO do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, que apresentou os principais dados levantados pelo estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”, lançado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a BRK Ambiental e apoio do Pacto Global. O encontro contou com a mediação da superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Novos Negócios da Sabesp, Cristina Knorich Zuffo.
A pesquisa, que faz um recorte inédito da população feminina para mostrar que a desigualdade de gênero está presente em todos os estágios da vida da mulher, com reflexos na vida pessoal e profissional, mostrou que as mulheres ainda são mais prejudicadas pela falta de saneamento básico no Brasil. Entre os dados com destaque negativo, está o número de mulheres que reside em casas sem coleta de esgoto, que saltou de 26,9 milhões para 41,4 milhões em três anos (2016 e 2019), ou seja, uma taxa de crescimento anual de 15,5%. Isso significa que uma em cada quatro mulheres não tem acesso a água tratada no Brasil. Já o índice de mulheres sem banheiro em casa cresceu 56,3% no acumulado do período, passando de 1,6 milhão para 2,5 milhões.
A segunda edição do estudo, também apresentou uma análise sobre como a falta de saneamento básico impulsiona a pobreza menstrual, constatando que a desigualdade de gênero no acesso aos serviços de água e de coleta de esgoto afeta também outros direitos humanos, como o direito à saúde, segurança, moradia adequada, educação e alimentação. Essa desigualdade está na base do conceito de pobreza menstrual, que é definida como a falta de condições materiais e sanitárias para a realização da higiene pessoal durante o período menstrual. Sobre as doenças ginecológicas, Luana destaca que os dados da pesquisa são claros: a higiene íntima precisa ter água. "Saneamento é dignidade e a sua falta gera submissão, em uma cultura machista", afirmou a CEO do Trata Brasil.
Luana Pretto: “A universalização do saneamento poderia tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Mulheres tem vida transformadas com o saneamento!”
O papel fundamental da mulher para o setor de saneamento
Cristina Zuffo destacou a relevância da realização de estudos que contemplem recortes específicos, a exemplo do "Saneamento e Vida da Mulher", que trazem contribuições valiosas para o o setor de saneamento, muitas vezes visto como um 'fator acessório', e não como de suma importância para cada aspecto da vida. Outro elemento ressaltado por Cristina é a crescente representatividade da mulher no saneamento, que hoje passou assumir, além de cargos de liderança, funções que, no passado, eram predominantemente masculinas, como na área de operação. Segundo a superintendente, trata-se de uma gradativa mudança de cultura: "O lugar da mulher é onde ela quiser!", enfatizou.
Cristina Zuffo: "Estar em contato constante com o tema é fundamental para criar conscientização e mudança de cultura".
Confira a live na íntegra pelo Workplace.