| Notícias

Noemi Jaffe: desmontando preconceitos sobre a escrita literária

maio de 2025
Foto: SP Leituras

Noemi Jaffe, escritora, professora de escrita, crítica literária e doutora em Literatura Brasileira pela USP foi a convidada da programação cultural da Biblioteca no mês de abril, na série “Bate-papo com autor”. O encontro virtual, intitulado “Escrita em movimento – alguns princípios do fazer literário”, contou com a mediação da jornalista e orientadora criativa Maria Fernanda Vomero.

Durante a conversa, Noemi apresentou reflexões sobre seu livro Escrita em movimento: sete princípios do fazer literário, publicado pela Companhia das Letras, resultado de sua longa experiência como professora na Escrevedeira  — um centro cultural literário que há sete anos promove cursos e oficinas de escrita em São Paulo. O livro, conforme explicou, reúne explanações teóricas, exemplos práticos, exercícios e entrevistas com autores consagrados, organizados em torno de sete princípios essenciais para quem deseja escrever.

Noemi destacou que, ao ensinar escrita criativa, sua principal missão não é transmitir regras, mas ajudar alunos a explorarem seus aspectos criativos, independentemente de vocação. “Minha intenção é “desgramatizar” a linguagem das pessoas”, afirmou, defendendo que na literatura, diferentemente de outros contextos, corporativos, por exemplo, as normas gramaticais podem ser flexibilizadas. A autora explicou que procura desmontar preconceitos sobre o fazer literário, incentivando a liberdade formal e a experimentação.

Outro ponto central da conversa foi a reflexão a respeito da distinção entre forma e conteúdo na literatura. Para Noemi, o que diferencia a escrita literária de outros tipos de texto é a forma, e não o conteúdo. "Uma história só se torna literária se a maneira de contá-la for única, destacou, citando exemplos do autor Cristovão Tezza para ilustrar como frases aparentemente simples podem ganhar força literária pelo modo como são construídas. A escritora defendeu que todo autor tem o compromisso de propor novas formas de olhar para temas universais como amor e morte, trazendo frescor e novas perspectivas para histórias já contadas.

Sobre a formação de um estilo próprio, Noemi afirmou que desenvolver uma voz narrativa é um processo longo e paciente, contrariando o ritmo acelerado da sociedade contemporânea. "É preciso ter perseverança, treino e muita leitura", comentou.  E por falar em perseverança, a autora compartilhou sua experiência com seu novo livro, a ser lançado ainda neste ano, que passou por seis reescritas ao longo de quatro anos. “É na reescrita que o autor realmente nasce”, enfatizou. Naomi já publicou, entre outros livros, Escrita em movimento: sete princípios do fazer literárioLili e O que ela sussurraA verdadeira história do alfabeto (vencedor do prêmio Brasília de Literatura), todos lançados pela Companhia das Letras. 

Durante o bate-papo, a autora refletiu sobre como o ato de escrever é influenciado pela vida cotidiana — desde livros lidos até conversas ouvidas em lugares públicos. “Cada pessoa tem uma história única, diferente da outra”, disse. Em sua visão, escritores (e também leitores) são fascinados pelo que é estranho e se interessam pelas vidas que destoam do senso comum, criando personagens que contam histórias interessantes e fora da norma.

Quem quiser ver ou rever a live, a gravação na íntegra está disponível no Workplace.

Aproveite para consultar nosso catálogo e reservar as obras de Noemi Jaffe disponíveis no nosso acervo!