BibliON celebra o Mês da Consciência Negra. Confira as dicas!
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Já ouviu falar em “Escrevivência”? O termo cunhado pela escritora, ficcionista e ensaísta afro-brasileira Conceição Evaristo, traz a junção das palavras "escrever e vivência" e surge entre “escrever” e “viver”, ou seja, uma forma de “escrever vivências” Foi com base nesta proposta – ou a escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo –, ela compõe romances, contos e poemas que revelam a condição do afrodescendente no Brasil.
Para marcar as comemorações do Mês da Consciência Negra, a Biblioteca Sabesp e a BibliON fazem um convite à reflexão e também à leitura, colocando no radar a “Escrevivência” de Conceição Evaristo, uma das principais personalidades brasileiras do início deste século.
A expressão nasce entre os anos de 1994 a 1995 tornando-se objeto de pesquisa de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento – como um “conceito” ampliado ou “metodologia de escrita” -, ganhando cada vez mais visibilidade nos meios de comunicação. De acordo com pesquisadores, no âmbito da literatura, a "Escrevivência" tem o objetivo de refletir sobre papel atribuído às mulheres negras no curso na escravidão no Brasil, bem como subverter o sistema que dificulta e invisibiliza produções literárias de mulheres pertencentes às classes populares.
Escreviver e escritavência
Diferente de muitos livros apresentados tradicionalmente, as obras que utilizam a "Escritavência" não sexualizam a mulher negra, não apresentam o homem negro como agressivo e nem generalizam suas existências. As principais características da "escritavência" na literatura são o trabalho com a linguagem que se aproxima da oralidade para dialogar com o leitor; o uso de palavras cotidianas; o tempo, em que passado e presente se entrelaçam, e a narrativa que fala das experiências do indivíduo ao mesmo tempo em que se confunde com as vivências do coletivo.
Ganhadora do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2015, Conceição Evaristo é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira atual. Autora, entre outras obras, de Becos da Memória, Olhos D’Água, Insubmissas Lágrimas de Mulheres e o romance Ponciá Vicêncio. Faz parte do Conselho Editorial organizado pela Companhia das Letras para coordenar o relançamento da obra de outra importante escritora brasileira: Carolina de Jesus. Embora escreva desde a juventude, Conceição só começou a publicar seus textos aos 44 anos – em 1990, nos Cadernos Negros, série de antologias editada pelo coletivo Quilombhoje. Ela é referência no que diz respeito à arte como poderosa ferramenta na luta contra o racismo e o machismo que se encontram na base da sociedade – e da literatura – brasileira.
Quer se aprofundar no tema?
Confira abaixo algumas dicas de vídeo e podcast para conhecer melhor a escritora e o “escreviver” e aproveite para explorar as obras disponíveis nos acervos da BibliON e Biblioteca Sabesp (físico). E ainda: mais dicas de leitura que celebram o Mês da Consciência Negra.
Vídeo: Programa Roda Viva – TV Cultura
Conceição Evaristo explica o conceito de “escrevivência” e relação com mitos afro-brasileiros.
Podcast Mano a Mano – Conceição Evaristo
Neste episódio o Mano a Mano recebeu uma das
escritoras mais relevantes da literatura brasileira contemporânea. Conceição
Evaristo e Mano Brown trocam uma ideia sobre o movimento negro, autoras negras
no Brasil e o cotidiano que inspira a "escrivivência".
Na BibliON, você pode encontrar obras de Conceição Evaristo, como Becos da memória e Olhos D’água. No acervo físico da Biblioteca Sabesp támbém estão disponíveis Olhos D’água e Matriarcas: mulheres de raça e de cor (na visão de um autor branco que faz referência a vida e obra de Conceição)
Mês da Consciência Negra
BIbliON
Um país chamado Brasil, de Marco Antonio Villa
O livro é um guia para entender o Brasil. O autor
apresenta um amplo painel da nossa história, oferecendo uma visão da nossa
formação política, econômica e cultural em sua totalidade. Um livro essencial
para quem quer entender o presente e pensar o futuro tendo como base como se
construiu esse país chamado Brasil.
Antologia de poesia afro-brasileira: 150 anos deconsciência negra no Brasil, de Zilá Bernd
A obra resgata a memória social do negro no Brasil por meio das manifestações poéticas publicadas a partir de 1859. A seleção de poemas se pautou pela sua representatividade em termos de valorização da memória coletiva, da afirmação identitária e de seu valor estético, destacando o crescimento da poesia afro-brasileira no feminino.
Cinema negro brasileiro, de Noel dos Santos Carvalho (org.)